A necessária convivência com lobos

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A necessária convivência com os lobos
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Estava lendo hoje o primeiro volume de História ilustrada do cristianismo, de Justo L. González, e cheguei ao capítulo que trata dos primórdios do monasticismo, quando milhares de cristãos abandonaram o já corrompido ambiente eclesiástico para se instalar em lugares solitários, longe da comunhão cristã e da comunidade pagã.
Corria o século III, e a igreja não era mais a que se reunia nas casas e catacumbas para cultuar a Deus com simplicidade. Os espaços nas casas particulares cedidos pela bondade dos donos ou mesmo os primeiros e acanhados templos que foram surgindo deram lugar a edifícios majestosos que visavam à glória de Deus, mas também à do império. Já quase não havia adesão pela fé, mas pela busca de honras humanas e privilégios. Apóstolos e mártires foram substituídos por líderes cada vez mais orgulhosos, ricos e paramentados. A igreja passou a juntar tesouros na terra e a ignorar os cofres do céu. A perseguição fora banida, mas a igreja, em vez de aproveitar a liberdade, fez pacto com os lobos.
Então surgiram os monges. Eles se entregaram ao ascetismo na mesma proporção em que a igreja abençoada pelo império cultivava o luxo e a riqueza. Muitos deles tornaram-se exemplos de fé e mestres respeitados. Mas isso não compensava o fato de terem fugido dos lobos e assim deixado outras ovelhas ainda mais desprotegidas. Mais tarde, eles mesmos, vencidos pelo orgulho das próprias façanhas, foram usados para interesses políticos e protagonizaram cenas lamentáveis de intolerância e violência.
Jesus já havia alertado: “Eu vos envio como ovelhas no meio de lobos; portanto, sede astutos como as serpentes e sem malícia como as pombas”. É aí que a igreja deve estar, no meio dos lobos, e a sua sobrevivência dependerá de sabedoria e ao mesmo tempo de um coração simples. Sabedoria, não esperteza, e simplicidade, não ingenuidade, porque a igreja esperta tenta enganar os lobos e se torna como eles, e a igreja ingênua acaba

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