A natureza dos pronomes
Em seu livro PROBLEMAS DE LINGUÍSTICA GERAL I, capítulo 20 “ A natureza dos pronomes”, Émile Benveniste aborda o tema pronomes, que além de problemas de língua, são problemas de linguagem. “faz pensar que o problema dos pronomes é ao mesmo tempo um problema de linguagem e um problema de línguas, ou melhor, que só é um problema de línguas por ser, em primeiro lugar, um problema de linguagem” (p. 277)
Vale lembrar que a linguagem faz parte de nossa constituição, é um traço preeminente no ser humano. A língua só é aprendida através da linguagem.
Benveniste considera em primeiro lugar, a situação dos pronomes pessoais, aqueles que dão noção direta de “pessoa”. Os pronomes aparecem nas cenas enunciativas e caracterizam-se como interlocutores eu/tu. Fora do discurso, os pronomes tornam-se vazios. É necessário reconhecer que o eu e o tu são sempre interligados, pois sempre há um eu falando para um tu.
Benveniste diz que não pode existir um “objeto” que decifre o eu. Nota-se então, que “a realidade de discurso” tem o eu definido em termos de locução e não em termos de objeto.
Há “indicadores” que constituem a junção do eu e o tu, indicadores esses: pronomes, advérbios e locuções verbais. Benveniste destaca a relação entre a instância do discurso com os indicadores de tempo, pessoa, objeto e lugar. Esses indicadores tem importância somente na instância de discurso em que estão contidos. Tal como aqui e agora, que “delimitam a instância espacial e temporal coextensiva e contemporânea da presente instância de discurso que contém eu” (pag 279). Porém, isto não se limita apenas à aqui e agora, pois há um “grande número de termos simples ou complexos que procedem da mesma relação: hoje, ontem, amanhã, em três dias, etc.” (pag. 279) As formas pronominais não tem obrigatoriamente que remeter à realidade, nem serem objetivas.
Benveniste aborda também a “terceira pessoa no discurso”, podendo ser também, como uma “não pessoa”, como por