A NARRATIVA REINALDIANA COMO ASPECTO MIMÉTICO: UMA ANÁLISE DOS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS EM A CEIA DOMINICANA: ROMANCE NEOLATINO

A NARRATIVA REINALDIANA COMO ASPECTO MIMÉTICO: UMA ANÁLISE DOS MÚLTIPLOS SIGNIFICADOS EM A CEIA DOMINICANA: ROMANCE NEOLATINO

1 INTRODUÇÃO
Embora não se possa negar o passado, seria muita presunção nos dias atuais admitir um conceito simétrico entre o mundo real e a estética literária. Além disso, quem poderia deter a autoridade poética para legislar sobre esse assunto? Essa concepção aristotélica de mimesis, segundo Lima (1980) perdurou por vários séculos, apesar de haver ocorrido certas mudanças. Nesse sentido, o autor admite que seu mestre Erich Auerbach foi um dos representantes que perpetuava a herança de Aristóteles, por suas práticas miméticas eram uma via de mão única. Contudo, o próprio autor, ao perceber a incompatibilidade dessa concepção, partindo dela, cuidou em repensá-la. Dessa forma, através de vários questionamentos, tais como: a questão do sujeito unificado, a disputa entre mimesis e imitatio, ideias pré-concebidas e cristalizadas acerca das coisas mundanas, etc. Na verdade, Lima (1980), ao (re)significar a mimesis, dinamizou-a conceitualmente se comparado a visão anterior. Dessa maneira, far-se-á uma análise a obra de Neves (2008), A Ceia Dominicana: Romance Neolatino utilizando a visão mimética de Luis Costa Lima. A razão para a realização de tal estudo reside no fato de a linguagem estética de reinaudiana ser rica em múltiplos significados, estando assim em conformidade com a visão de Lima (1980).
1 MIMESIS

Dar uma definição precisa acerca do que é a mimesis torna-se algo extremamente complexo. Essa complexidade está contida resumidamente em duas facetas ou pontos de vista acerca do termo que diz respeito à antiguidade clássica e na atualidade. Por exemplo, a primeira concepção acerca do significado de mimesis, pode-se encontrá-la no tratado sobre Poética de Aristóteles. Dessa forma, para o filósofo mimesis corresponde a imitação do real através da arte, ou seja, ela é a responsável pela intermediação entre realidade e literatura,