A MÃE É CAOLHA, MAS A JUSTIÇA NÃO É CEGA
1.0 INTRODUÇÃO E CONTORNOS DO ESTUDO: O sujeito subalternizado é aquele que se submete involuntariamente aos mecanismos de poder( a fabricação de subjetividades é o mecanismo de subalternização) e esse processo visa silenciar a pessoa que está sob domínio. É o que acontece no conto “ A caolha” ,de Júlia Lopes, a personagem da mãe é inserida na categoria de sujeito subalterno, principalmente por causa da maternidade, aonde ela fica a mercê do filho e deixa de se “ver” como mulher. É importante ressaltar que “ A caolha” não é um texto jurídico, porém, é um texto em que encontra-se o direito na literatura( concepção jurídica), devido a uma realidade estética, ou seja, a formação de uma realidade social enquadrada na forma literária e com conflitos que integram a sociedade brasileira, principalmente aqueles relacionados a condição das mulheres.
2.0 A MATERNIDADE ENGENDRANDO A SUBALTERNIZAÇÃ DE GÊNERO: Subalternização é diferente de exploração e opressão, esta é determinada pela exploração. A opressão é fruto do processo social , igual a subalternização, porém aquela envolve categorias psicológicas, emocionais, culturais e ideológicas. Outro ponto que as diferencia é que a subalternização a condição do sujeito é transponível subjetivamente, o que não pode ocorrer com o sujeito oprimido. É possível haver um sujeito oprimido e explorado, porém não subalternizado. Já a exploração tem um viés econômico, é a apropriação da riqueza, fruto da mais valia, pelo burguês. No inicio do conto, o narrador traça uma descrição da mulher. Mostrando ela como uma figura que gera repulsa da população: Inicia-se : A caolha era uma mulher magra, alta, macilenta, peito fundo, busto arqueado, braços compridos, delgados, largos nos cotovelos, grossos nos pulsos; mãos grandes, ossudas, estragadas pelo reumatismo e pelo trabalho; unhas grossas, chatas e cinzentas, cabelo crespo, de uma cor indecisa entre o branco sujo e o louro