A mulher e a amamentação
A mulher e a amamentação
Um olhar atento sobre a mulher na sociedade atual e uma viagem que nos remonte ao século XIX é o suficiente para nos apercebermos de mutações acentuadas no comportamento pós-natal.
Ivan Washt Rodrigues, ilustra na pintura intitulada de Ama-de-Leitedoc.1, o que se considerava aceitável e usual. A escrava negra que amamentava o novo membro de uma qualquer família de bem, com um ar um satisfeito, ao mesmo tempo que a dócil criança acaricia o seu peito em tom de agradecimento ainda que inconsciente.
Segundo Manuel Paula Maça1|, em 1836 no governo de Passos Manuel foram impostas medidas às Juntas Gerais dos Distritos e aos Municípios, no âmbito destes assumirem a contratação das amas e as despesas inerentes às mesmas.
Nesta perspetiva, temos um governo que apoia e subsidia as amas-de-leite proporcionando às mulheres uma perduração da sua vida conjugal em deterioração da relação mãe e filho.
Por outro lado, nos tempos que correm, o Código do Trabalho consagra no artigo 35º a proteção da parentalidade|doc.2. Na alínea i) do artigo referido é concedida dispensa às mães para aleitamento, já no nº 2 é salientada a condição de serem progenitores para que lhes seja atribuída a dispensa.
O artigo 41º, nº2 exige que a progenitora goze seis semanas após o parto. O nº 4 do mesmo artigo considera a violação do nº2 uma contra-ordenação muito grave.
Nesta perspetiva da sociedade atual é clara a importância outorgada à proximidade pós-parto entre mãe e filho, não só por ser concedida dispensa para amamentação à mãe como por lhe ser exigido que goze seis semanas após o parto. Deste modo, é visível o papel nuclear que as crianças ocupam no quotidiano das famílias.
1| Manuel Paula Maça, Da contrecepção ao infanticídio e exposição de crianças – III, Jornal das Cortes. Disponível em: http://jornaldascortes.no.sapo.pt/anteriores/fevereiro/memoria02.htm
Anexos
Documento1
Ama de leite, ilustração