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A Mensagem
“Ascensão de Vasco da Gama”
Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra
Suspendem de repente o ódio da sua guerra
E pasmam. Pelo vale onde se ascende aos céus
Surge um silêncio, e vai, da névoa ondeando os véus,

Primeiro um movimento e depois um assombro.
Ladeiam-no, ao durar, os medos, ombro a ombro,

E ao longe o rastro ruge em nuvens e clarões.
Em baixo, onde a terra é, o pastor gela, e a flauta
Cai-lhe, e em êxtase vê, à luz de mil trovões,
O céu abrir o abismo à alma do Argonauta.

Esquema rimático : cruzado e emparelhado
Uma solução estilística recorrente em diversos poemas de Pessoa é a de ser referir ao visado apenas através do momento da sua morte. Fará o mesmo em relação a Bartolomeu Dias e a Fernão Magalhães. Nesse momento contabiliza-se a valia de toda uma vida e a de Vasco da Gama é tal que, diz o poeta, faz pasmar os próprios deuses.
V.1 “Os Deuses da tormenta e os gigantes da terra”Referencia a guerra entre os titãs e os deuses do Olimpo, parte capital da mitologia grega
Argonauta : navegador (de “Argos” nome do navio do mítico Jasão) Jasão foi um herói grego de Tessália, filho de Esão, foi criado pelo centauro Quíron. O trono de lolco passou de seu avô Creteu para seu tio Pélias, que era filho de Tro e Posidão. Temendo a profecia de que seria morto por Jasão, o rei Pélias envia o herói par uma missão impossível: (como condição para lhe restituir o trono): trazer o Tosão de ouro da distância Cólquida. Em Argos, Jasão constrói a nau Argo e reúne uma tripulação de heróis, conhecida como os argonautas, para acompanha-lo.

A figura de Vasco da Gama é engrandecida no poema por vários aspectos:
Pela situação de elevação aos céus num plano superior ao da simples condição humana libertando-se do corpo, torna-se alma e imortaliza-se;
Pelos efeitos provocados por esta situação: o pasmo dos Deuses e dos gigantes, o silêncio e assombro da natureza e admiração dos homens;
Pelo nome de “Argonauta”, identificando-o com os heróis míticos da