A legitimação da ética

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Diz-se que não se pode falar de moralidade em situações-limite, como no caso da sobrevivência física ou no chamado estado de necessidade, quando alguém sacrifica o direito do outro para garantir o seu, porque quem pratica o ato não provoca a situação por sua vontade nem pode evitá-la. Nesse caso os padrões morais não foram suspensos, eles estão simplesmente sendo transgredidos. Nessa situação é preciso julgar o que pensa a sociedade pois não faz sentido que as pessoas só tenham humanidade em situações de normalidade e se convertam totalmente quando as coisas não estiverem mais dando certo. Por exemplo, matar constitui um estigma na civilização cristã, porém, se o ato ocorrer em legítima defesa, justifica-se a quebra do mandamento. Pode-se resumir dizendo: a sociedade confere endosso moral às transgressões em situações-limite, por horrendas que sejam, mas desde que estas sejam altruístas imparciais.
No estado de necessidade, as escolhas feitas pelos agentes não estão isentas de conotação moral. A dificuldade em percebê-la está na crença de que existe apenas uma teoria: a teoria da convicção. Ora, existem situações extremas em que, sempre por razões altruístas, justifica-se a quebra de certas regras sob óptica da ética da responsabilidade. Um bom exemplo disso é o saque coletivo para saciar a fome (furto famélico). Estamos, portanto, em plena ética da responsabilidade, vertente da finalidade (sendo bons os fins, aceitam-se os meios), ainda que as ações sejam imorais. Essa teoria ética finca suas raízes não só na historicidade dos eventos, mas também, e, sobretudo, depende do âmbito a partir do qual se pensa e se analisa. Isso significa dizer que algo pode ser ético, ainda que seja imoral segundo a moral dominante.
Quando as pessoas comuns falam de ética ou de moral, elas se referem à firmeza de caráter: ser ético é não abrir mão de suas convicções íntimas, ter princípios, não vilipendiar seus próprios valores e crenças, não se prostituir, ser um modelo de

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