A justila em platão: uma virtude?

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A JUSTIÇA EM PLATÃO: UMA VIRTUDE?

Apresentamos o trabalho sobre a justiça em Platão tendo em vista a ênfase no tema da virtude, visando sempre a discussão ética. A abordagem da questão da justiça leva ao tema da virtude; uma vez que aquela seja entendida como uma parte desta. Seria a justiça a virtude em si ou uma virtude? É importante notarmos que ao concebermos uma virtude em si estamos abrindo precedente para um novo modo do ser se comportar, isto é, como um eidos, uma entidade. O debate das essências se torna premente no presente trabalho, sobretudo no que diz respeito à construção do conceito. Tudo isso é relevante na medida em que acompanhará o desenvolvimento da teoria platônica: de seus primórdios, dos assim chamados diálogos aporéticos, até a teoria das Idéias.
O texto privilegiado para a abordagem da questão da justiça será o livro I da República. Neste, o tema da justiça será apresentado em três momentos, a dizer, os dos três interlocutores de Sócrates: Céfalo, Polemarco e Trasímaco. Esses três momentos realizam espécies distintas do discurso, do lógos, se conformar. Em breves palavras, Céfalo representa a fala da tradição, Polemarco o dizer dos poetas, e, Trasímaco, o entendimento do sofista.
Na parte inicial da República encontraremos Sócrates se insurgindo contra cada uma das reiteradas tentativas de dizer a justiça, para em seguida propor sua própria definição, a dikaiosýne. Nesta passagem, muito se recorre à expressão tò dikaión, o justo, e pouco àquela outra, hè dikaiosýne; e a distinção e determinação destes termos nos são essenciais para a caracterização do que de fato seja o justo ou a justiça em si mesma.
Vemos transcorrer a fala do velho Céfalo, com sua máxima acerca da justiça ancorada na tradição, e que diz ser justo dizer a verdade e restituir a alguém aquilo que se lhe tomou. Em tudo um dizer do âmbito do justo, de uma particularidade. Em seguida se nos apresenta Polemarco, que, seguindo os passos do poeta Simónides, estará a

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