a intencionalidade do discurso nas denúncias de corrupção da revista Veja
A partir de maio de 2005 o povo brasileiro viu-se às voltas com inúmeras denúncias de corrupção, que num efeito dominó, foram atingindo políticos do Partido do Presidente da República e aliados, desencadeando uma crise política que provocou alterações não só na estrutura governista, como também na confiabilidade em relação ao governo e às instituições públicas.
As denúncias, veiculadas inicialmente pela Revista VEJA, foram atribuídas pelos governistas a uma manobra da oposição com intenção de desestabilizar o governo e caracterizadas como “golpismo”, “conspiração das elites” e outros termos veementemente refutados pela revista, que em sua carta ao leitor da edição 1907 afirma não escolher suas reportagens investigativas com base em preferências partidárias ou ideológicas. Assevera, ainda, não manifestar a “intenção ou vontade de que suas reportagens causem crises políticas ou desestabilizem governos democráticos”, mas tem como objetivo servir aos leitores e ao interesse público. Em outro editorial (15/06/2005) a revista coloca-se ao lado da sociedade brasileira na esperança de que a CPI dos correios, instalada após as denúncias, também seja lembrada como uma bem-sucedida faxina ética.
Por outro lado, parte dos leitores /interlocutores, louva a revista pela coragem e isenção de suas reportagens. Buscam uma informação “limpa”, desvinculada de qualquer intenção, não admitem ser manipulados, dão credibilidade ao texto exatamente por considerá-lo isento de influências ideológicas, em suma acreditam na neutralidade desse gênero textual. Mas será isso possível uma vez que o jornalismo é feito por pessoas que possuem uma ideologia, são movidas por interesses, têm opiniões?
Esses e outros questionamentos põem em dúvida a imparcialidade do texto jornalístico, mesmo esse gênero textual tendo como paradigmas fundamentais a objetividade e a isenção na transmissão dos dados. É este, então, o alvo desse trabalho: a