A HORA DA ESTRELA

No livro A Hora da Estrela, Clarice, muito mais do que promover um debate social através de uma história explícita em torno da trajetória de uma imigrante nordestina marginalizada, aparentemente sem discurso, “‘sem voz’, na cidade do Rio de Janeiro, quis promover o ‘despertar das massas’ no Brasil dos anos 70, bem como a ‘crise de identidade’ dos sujeitos e a ‘fluidez das culturas sociais’, na pós modernidade” (ALENCAR, 2010, p.1).
Sua obra sempre focalizou o íntimo das personagens, mas em A Hora da Estrela ela considera o contexto histórico, como produtor e reprodutor da narrativa. Quando a história de Macabea começa, Marilyn Monroe já está morta, assim, podemos localizar a novela entre 1960 e 1970.
Após a segunda guerra mundial, o mundo foi dividido em blocos: capitalista e comunista. De um lado a “cortina de ferro”, como um regime fechado e autoritário, e, por outro lado, o capitalismo que se baseava nas leis econômicas.
Nos países do terceiro mundo surgem as ditaduras militares, que tomam o poder político e econômico, incluindo o Brasil vitima de uma ditadura militar com o golpe em 1964, mas, especialmente nos anos de 1969 a 1973, sob o governo de Médici, o Brasil passou por pelo período denominado “ O milagre econômico”, que designou um extenso desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve um aumento da concentração de renda e da pobreza.
O contexto social do Brasil foi se configurando pela ascensão de uma sociedade de consumo, pela consolidação do mercado de bens culturais. Portanto, a década de 70 foi marcada pela ascensão cultural de massa industrializada.
De acordo com Oliveira (2007, p. 4) aconteceram outras mudanças estruturais na sociedade, tais como: a urbanização acelerada que se tornou desumana, contribuindo para a formação de grupos miseráveis expostos à ânsia do consumo, ascensão da mídia, especialmente a televisão, que vem ditar valores e comportamentos veiculados, a emergência da cultura popular e das multinacionais que