A Herança Intelectual da Sociologia

FERNANDES, Florestan. “A Herança Intelectual da Sociologia” in: FORACCHI E MARTINS, Sociologia e Sociedade (Leituras de Introdução à Sociologia), RJ, LTC, 2008.

Para o autor, a sociologia não se resume ao estudo das condições de existência social dos seres humanos, mas constitui o ponto mais importante e que fortaleceu a preocupação de usar a ciência para observar e explicar os fenômenos sociais. É importante perceber a sociologia inserida nas condições histórico-sociais de existência, como forma cultural de concepção de mundo. Pois primeiro ela nasce das situações de existência nas modernas sociedades industriais; e depois enquanto explicação científica.
Os pioneiros e fundadores da sociologia, que possuíam ampla compreensão da natureza e das possibilidades do conhecimento cientifico; como Saint-simon, Comte, Malthus, dentre outros, iam além do conhecimento positivo da realidade social, queriam modificar a sociedade em que viviam e não natureza humana.
Segundo o autor: “A sociologia não se impôs em virtude de necessidades lógicas, pressentidas ou formuladas a partir da evolução interna do sistema das ciências”. Ela “nasce da junção dos efeitos das crises sociais com os da revolução da mentalidade, produzida pelo advento do pensamento científico”.
A sociologia (enquanto investigação científica) vinculada com as situações de existência social; pode ser vista de maneira positiva, mas também negativa. Positiva por ter aproximado o modelo científico de uma realidade social. E negativa por encontrar nesse próprio movimento os principais obstáculos ao seu posterior desenvolvimento. Primeiro porque nessa vinculação se inspirou a aproximação da sociologia com a Filosofia da “Questão Social”, segundo por poder levar ao empobrecimento do campo de investigação da sociologia.
De acordo com FERNANDES, tais conclusões mostram que a sociologia do século XIX não atendia por completo aos pré-requisitos de uma verdadeira ciência, mas é importante tentar