A fotografia no cartaz de cinema
A fotografia presente no cotidiano das pessoas no final do século XIX foi tardiamente empregada como ilustração de cartazes de cinema. Imagens feitas através de processos fotomecânicos começaram a substituir as xilogravuras nas ilustrações de livros e revistas por volta de 1880 enquanto os primeiros fotolitos de cenas de um filme empregados pela publicidade de cinema datam de 1911. No acervo do Instituto Lumière na França podemos conferir uma série de cartazes produzidos e assinados pela Gaumont nesse ano de 1911.
O cartaz do filme mudo "Bébé Chemineau", por exemplo, apresenta o fotograma da cena em que soldados a cavalo prenderam um vagabundo nas ruas.
Já no cartaz de "Eugène amoureux" o artista gráfico optou pelo recorte do fotograma em que o protagonista faz um gesto amoroso.
Podemos verificar nesses cartazes a qualidade primitiva de uma arte na sua infância.
A ilustração de cartazes de cinema através de fotogramas do próprio filme começou com o estabelecimento de relações entre a imagem e o título.
Nos exemplos citados, podemos inferir que o trabalho do artista gráfico, para atrair os espectadores, consistiu na seleção de uma imagem adequada, encantadora, de fácil significação mas que, de certa forma, subestima a capacidade imaginativa do público alvo.
O cartaz assim concebido propõe algumas interrogativas ao espectador. No cartaz de "Bébé Chemineau", as questões propostas seriam: qual a identidade do vagabundo? que relação tem com o protagonista? por que é preso? Quer saber? Então assista! Tal era o apelo.
As interrogativas propostas para estabelecer relações entre os cartazes e os filmes/produtos que anunciam, do ponto de vista da significância, (por que este e não outro arranjo dos acontecimentos representados? porque esse e não aquele acontecimento? como a imagem condensa, em um espaço restrito, todos os signos convencionais da cena a ilustrar? etc.) são indagações que o artista gráfico