A financeirização da natureza

A financeirização da natureza.

Quanto menor é o ciclo que o capital leva para se valorizar por meio da mais-valia na produção, isto é, quanto menor for um ciclo produtivo, mais rápido será o acesso ao capital acrescido de mais-valia, e menor será a necessidade de crédito. Esse capital é, então, disponibilizado para o mercado financeiro, através da especulação financeira na bolsa de valores - o que, por sua vez, intensifica o processo de financeirização.
Concomitantemente, observa-se que a queda da rentabilidade do capital investido na indústria leva à busca por formas de valorização puramente financeiras. A articulação entre grupos industriais ocidentais e a esfera financeira se agravou nas duas últimas décadas, em razão da diminuição da rentabilidade na produção, em face da concorrência com a indústria chinesa; e lançou mão de institutos como a desregulamentação, o livre-mercado, a privatização. A financeirização baseia-se na riqueza criada, sendo incapaz de gerar riqueza. A financeirização da natureza é, portanto, um artifício especulativo que torna financeiro o que é eminentemente econômico: "Nos Estados neoliberais, a acumulação capitalista ocorre por novos meios de desapossamento, tais como: privatização, financeirização, inovações em gerenciamento de crise e modificações no papel desempenhado pelo Estado na reformulação da regulamentação e na má distribuição da riqueza"1.
A financeirização da natureza é a condição de possibilidade para a mercadologização de recursos e ciclos naturais, através da comoditização destes. Os créditos de carbono, por exemplo, são a comoditização da poluição, transformam o carbono em commodity ambiental. O mercado especulativo do carbono consiste na emissão de créditos quem entram no balanço financeiro como ativo, e não como passivo. É uma manobra fiscal. A REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) se dá pela compra de um título em créditos de carbono sobre uma área de floresta que deve ser