a filantropia e as entidades de terceiro setor
Ana Paula Soares Ferreira Melazo – Universidade Federal de Uberlândia
João Luiz Leitão Paravidini – Universidade Federal de Uberlândia apsfmelazo@yahoo.com.br paravidini@ufu.br
Na ocasião do nascimento da psicanálise Freud preocupou-se com aquilo que era observado por ele na sociedade européia do final do século XIX. Tratava-se de uma sociedade burguesa regulada pela moral religiosa, e por uma moral que comprimia os indivíduos. Foi este o berço da teoria psicanalítica de Freud, e nele vieram todas as ressonâncias daquele período histórico, com sua ciência, sua filosofia e seus modos de vida. Na atualidade, da mesma forma, os dados culturais e históricos são fundamentais para que se possa compreender o homem através da psicanálise, e não se pode entender qualquer fenômeno humano de maneira desvinculada do campo social (ENRIQUEZ, 2005).
Será então necessário que consideremos o contexto da sociedade contemporânea, já que foi nela que as entidades não lucrativas nasceram e encontraram solo fértil para reproduzirem-se aceleradamente. Discutiremos, assim, sobre a filantropia e suas dinâmicas de funcionamento, esclarecendo que a idéia do trabalho vincula-se à filantropia enquanto uma lógica discursiva presente nos movimentos contemporâneos de auxílio ao excluído através das entidades não lucrativas. 1. A Contemporaneidade e a Subjetivação
De acordo com Peixoto Jr. (2003) vivemos hoje um tipo diferente de sociedade daquele vivido por Freud. Este autor considera que na atualidade o sintoma predominante é não mais a neurose e o campo do sexual, tal como na modernidade, mas diz respeito ao laço social. Assim, abre espaço para um entendimento que leve em consideração a interação do sujeito psíquico com o meio que o circunda, que é pleno de normas, valores e contingências sociais, políticas e culturais. No que se refere à questão