A figura do bom selvagem e do mau civilizado - capitulo 2- laplantine, françois- 1988, aprender antropologia.
O estereótipo do selvagem é visto inicialmente como um ser embrutecido. O caráter do mesmo é visualizado como privativo, pois não possuíam escrita, religião organizada, ou leis; no entanto o selvagem não é quem pensamos.
Com as mudanças de pensamento ocorridas no Renascimento, seguidas do Romantismo, ocorre uma inversão daquilo que era aprendido – mau selvagem e bom civilizado.
Portanto o estereótipo começa a se desfazer, surgindo à figura do bom selvagem e do mau civilizado. Essa figura se embasa nos relatos dos primeiros viajantes e dos livres pensadores da Renascença. Segundo Laplatine(1988) para Américo Vespúcio: ''As pessoas estão nuas, são bonitas, de pele escura, de corpo elegante... Nenhum possui qualquer coisa que seja, pois tudo é colocado em comum. E os homens tomam por mulheres aquelas que lhes agradam, sejam elas sua mãe, sua irmã, sua amiga, entre as quais elas não fazem diferença... Eles vivem cinquenta anos. E não têm governo''.(LAPLANTINE,1988, p.47) Cristóvão Colombo concebe os indígenas como:
'' ...mansos e ignorantes do que é o mal, eles não sabem se matar uns aos outros (...). Eu não penso que haja no mundo homens melhores, como também não há terra melhor''.(LAPLANTINE,1988,p.47)
Esses trechos vinculam a ingenuidade do selvagem, pois seu comportamento não deve ser visto como devasso, porque provém originalmente de sua natureza.
Segundo relatos dos selvagens de Huron os jesuítas descrevem:
''Eles são afáveis, liberais, moderados... Todos os nossos padres que frequentaram os Selvagens consideram que a vida se passa mais docemente entre eles do que entre nós’ ‘Seu ideal: ''Viver em comum sem processo, contentar-se de pouco sem avareza, ser assíduo no trabalho''(LAPLANTINE,1988,p.48)
Os livres pensadores renascentistas relatam: ''Ah, Viva os Hurons que sem lei, sem prisões, e sem torturas passam a vida na doçura, na tranquilidade, e gozam de uma felicidade desconhecida dos