A Fabricação da Realidade

Fichamento

Kaspar Hauser ou A Fabricação da Realidade (pp. 12 – 98)
Izidoro Biikstem, Editora Cultrix/São Paulo
“O que é a realidade? Como percebemos a realidade? De que ponto a linguagem nos permite dizer ou reconhecer o que é real? O real, no entanto, trata-se de uma ilusão que para o senso comum é todo o universo estável e tangível de sons, cores, formas, espaços e movimento, não passa de um produto da nossa produção cultural “uma realidade já fabricada, de uma realidade de steriotipos culturais q ________________________________________ ue condicionam a percepção. Estes steriotipos são reforçados com a linguagem. Suponhamos então que não existisse esta realidade estes steriotipos e a linguagem. Como seria a realidade? O que perceberíamos? Como olharíamos as pessoas, objetos e animais? Esta hipótese era visualizada pelo olhar do protagonista “O enigma de Kaspar Hauser,” filme de W. Herzog”(1974).
“Criado em um sótão, sem nenhum contato humano até aos 18 anos Kaspar Hauser aparece em Nurembergue por volta de 1828, foi acolhido na casa de um criminalista Feurbache, é assassinado em 1833, mas o crime nunca foi esclarecido, mesmo sendo dessecado seu cadáver e retalhado seu cérebro. O filme foi pouco atrativo para o público da época pelo seu final decepcionante, mas se olharmos o título do filme “Cada um por si e Deus contra nós” percebemos que o enigma é outro. Pior do que os enigmas lançados ao espectador, foi o seu olhar fixo diante de pessoas, ruas, casas, objetos e paisagens, tudo assusta, as dimensões, os movimentos, a lógica, a perspectiva ao pensamento, a fala e o riso.” (p. 12)
“Apesar das linguagens explicadas, pela linguagem, signos linguísticos em que foi colocado, Kaspar Hauser permanece indecifrável, conhecer o mudo por linguagens ou signos, não parece bastar para dissolver os mistérios de Kapar Hause. Talvez por que esta significação do mundo deve interromper antes mesmo da decodificação