A exploração

SADER, Emir. A Exploração. In: SADER, Emir (org). 7 Pecados do Capital. RJ / SP, Editora Record, 2000.

A EXPLORAÇÃO

Exploração e trabalho humano

Os homens se diferenciam dos outros animais por sua capacidade de trabalho. Equivale a dizer que os homens são os únicos seres que produzem os seus meios de subsistência e, para fazê-lo, transformam o meio em que vivem. O homem reflete sobre as condições que vai enfrentar, formula um projeto e materializa esse projeto numa realidade concreta. Assim, cada geração de homens encontra um mundo diferente, transformado, modificado racionalmente pelo seu trabalho. O suposto trabalho dos outros animais é instintivo, repetitivo e, portanto, o mesmo ao longo dos tempos. O homem é o único ser que tem história, isto é, cujas condições de existência são transformadas por sua própria ação. Ao transformar a natureza, o homem também é transformado por ela ou por seu próprio trabalho. Este ato de sobrevivência ora pode ser um ato de emancipação, quando dirigido conscientemente para fins determinados, elaborado pelo intelecto e pela imaginação humanas como um ato de liberdade, de criação livre do homem. Ora pode ser um simples ato de sobrevivência, inconsciente, um meio para obter um fim imediato, que se reproduz de maneira cotidiana, mecanicamente. Para a grande maioria da humanidade, o trabalho tornou-se meio de vida – e não um instrumento para a transformação consciente do mundo que o cerca –, enquanto para uma minoria, tornou-se meio de acumulação de riqueza. Na época em que a sociedade era menos desenvolvida economicamente, logo, todos necessitavam trabalhar, as diferenças vinham apenas das formas de trabalho, da divisão do trabalho. Era ainda uma divisão técnica do trabalho, mas já implicava em privilégios, porque propiciava ao homem maior contato com o mundo, experiências novas e menos repetitivas que o trabalho doméstico atribuído à mulher. Com o progresso material, o