A democracia a após 25 de Abril
Comemoramos por estes dias o 40º aniversário da Revolução dos Cravos que pôs um fim ao Estado Novo e foi-nos pedido, no âmbito da disciplina de Filosofia, para apresentar, simbolicamente, perante o Parlamento os nossos pensamentos sobre a democracia portuguesa. Na actualidade, e usando como referência a intervenção que Alexandre Soares dos Santos, patriarca do Grupo Jerónimo Martins, que afirma que o propósito da Revolução dos Cravos ainda estará por cumprir dado que falta liberdade aos cidadãos portugueses, o Estado continua a ter demasiado poder e que falta democracia. Soares dos Santos disse também que a democracia portuguesa é imatura e insuficiente e que passados 40 anos do fim do Estado Novo não é possível haver desculpa.
Aprofundemos então os pontos referidos. Neste caso, falamos de liberdade política. O que é liberdade política? Liberdade política consiste na possibilidade de qualquer cidadão ou grupo de cidadãos defender ideais políticos que entende serem os mais correctos do seu ponto de vista, mas sempre tendo como enquadramento os limites definidos na Constituição e o respeito pelas ideias dos outros. É esta liberdade política de expressão, organização e de defesa desses ideais que está na origem da criação dos vários partidos políticos e que permitem termos tantas organizações de base política distintas e com variações de interpretação das ideias dos principais pensadores políticos o que dá ao espectro político português, como também nos outros países, uma grande diversidade de partidos e organizações.
Eu penso que em Portugal não existirá falta de liberdade, até por comparação com o que conhecemos em outros regimes e países por esse mundo fora. Na minha perspectiva, o que faltará é o seu uso adequado, correcto e responsável. Neste contexto, gostaria de referir a responsabilidade de uma parte específica da nossa sociedade, que é a Imprensa e os jornalistas. As agendas de certos meios de comunicação são muito intrusivas e agressivas,