A CULTURA COMO FATOR DE IDENTIFICAÇÃO DO SER HUMANO

A cultura como determinante de capacidades. A cultura como hierarquia do grau de desenvolvimento de indivíduos e grupos humanos. Este entendimento de cultura, observado por Roberto Damatta na sociedade, é o tema do artigo “Você tem cultura?” Ele inicia com um interessante fato, que acontece todos os dias: alguém dizendo que uma pessoa, por ser simplória ou por não apresentar cátedra em um determinado assunto, ou um grupo humano que não tenha avançado na tecnologia moderna, não possui cultura. Em contraste, os estudantes de sociologia fazem uso distinto da palavra, por exemplo, quando se referem a um grupo que vive em local inóspito, muito distante das grandes cidades do mundo dito “civilizado”- outra palavra cujo conceito é passível de polêmica- por exemplo, “a cultura dos aborígenes da Austrália”. Nota-se aí, a enorme distância entre duas diferentes nuances do significado da palavra cultura.

“A Antropologia estuda o fenômeno do homem- a mente do homem, seu corpo, sua evolução, origens, instrumentos, arte ou grupos, não simplesmente em si mesmos, mas como elementos ou aspectos de um padrão geral ou de um todo. Para enfatizar esse fato e integrá-lo a seus esforços, os antropólogos tomaram uma palavra de uso corrente para nomear o fenômeno e difundiram seu uso. Essa palavra é cultura.”
(Roy Wagner em A Presunção da Cultura, pág 27)

A definição acima parece ser o consenso dos antropólogos, e mostra a complexidade do conceito, compreensível, desde que nomeia o estudo do ser humano, forma de vida mais complexa do planeta. Damatta discorre sobre o fato de que o uso comum da palavra cultura resume-se a definir o grau de inteligência, ou conhecimento de assuntos diversos, de uma determinada pessoa. Ou é utilizada para ranquear grupos humanos em patamares mais altos ou mais baixos, com base em seu acervo cognitivo ou simplesmente por sua origem genética, por sua idade, por sua origem geográfica, por exemplo, quando se diz “os chineses tem