A cultura anti-sociedade - filme ilha das flores

A cultura anti-sociedade

Partindo do conceito de cultura definida como sendo todo um conjunto englobando conhecimento, moral, ética, costumes e hábitos, dentre outras características, de um determinado grupo social, este artigo pretende realizar uma análise breve do impacto que a cultura exerce sobre a sociedade.

O documentário “Ilha das Flores” exemplifica como nossa cultura pode criar abismos sociais entre classes distintas. Desde a dona de casa até as pessoas que são obrigadas a retirar do lixo – que até mesmo porcos o consideraram impróprios – seu sustento, o documentário aborda o impacto da cultura na sociedade, assim como o descaso dos que sustentam e até mesmo lucram com tal situação.

Infelizmente essa situação não é rara e tão pouco fora do comum, apenas mascarada, ignorada dentro de uma sociedade que trata seus bens materiais como prova de valor e status dentro de seu grupo social, criando assim uma cultura forjada na idéia de “eu sou o que eu possuo”. Apesar de severamente criticada por um lado, por outro é, apesar de inadmissível, justificável a existência dessa situação. Nosso modelo social e econômico é, basicamente, baseado na disputa, na concorrência. Desde pequenos somos estimulados a “ser o melhor”. Nessa vertente, não somos estimulados a desenvolver qualquer sentimento de responsabilidade para com nossa sociedade em si.

Até mesmo as cenas de extrema miséria demonstradas no documentário, a princípio chocantes, são em breve esquecidas, despejadas em um canto qualquer de nossa mente que, possivelmente, jamais voltaremos a acessar. E tal a força de nossa cultura, provavelmente a frase despejada no início do documentário “Deus não existe” causa mais estranheza e talvez indignação do que as imagens retratando a miséria e exploração sofrida pelas pessoas. Talvez essa aparente indiferença tenha sua raiz no sentimento de impotência. Mesmo tenho conhecimento de que tal situação existe