A CRÍTICA DE MACINTYRE À TEORIA DA JUSTIÇA DE JOHN RAWLS
Robson S. Jorge
Resumo
No presente artigo analisa-se a teoria da justiça de John Rawls e a respectiva crítica de tal teoria levada a efeito por Alasdair Macintyre. Parte-se da concepção de justiça como equidade de John Rawls, segundo a qual é possível a existência de uma sociedade justa fundamentada na existência de direitos fundamentais conhecidos e respeitados por todas as pessoas, sem levar em consideração a concepção de “bem” ou “útil” a cada indivíduo. Como contraponto, apresenta-se a teoria comunitarista de MacIntyre, para quem a filosofia moderna e a contemporaneidade são caracterizadas pela ausência de qualquer código moral coerente, onde boa parte dos indivíduos que vivem neste mundo carece de um senso de propósito significativo para suas vidas, o que implica na falta de uma comunidade verdadeira.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Alasdair MacIntyre (2001), o mundo contemporâneo se encontra em estado de grave desordem grave, marcado pela barbárie e no qual predomina um vocabulário incoerente do ponto de vista moral. A moral, aliás, nada mais seria que um disfarce para explosões arbitrárias de emoções que levam à manipulação das pessoas.
Tal estado de coisas está em contraste gritante com visão otimista de John Rawls, que defende a existência de princípios morais universais tais como liberdade e igualdade que, em última análise, deveriam fazer parte da vida de todo indivíduo, embora tais princípios não sejam adotados por todos efetivamente.
Com efeito, na obra Uma teoria da justiça, Rawls (2002) apresenta a justiça como equidade, onde princípios como liberdade e igualdade são calcados no liberalismo e cujos ideais reconhecem igualmente o direito de cada um, mas sem perder de vista a existência da diversidade de concepções pessoais, morais e políticas.
Ao tentar responder aos questionamentos inerentes às questões éticas e políticas da contemporaneidade através de uma visão liberal, Raws