A classe operaria vai ao paraiso
O título deste artigo não contém nenhuma alusão à eleição de Lulla para presidente. Mesmo porque, em tal eleição, a classe operária brasileira não chegou ao poder, não teve contemplado nenhum item do seu programa histórico de reivindicações e muito menos chegou ao paraíso. O título do artigo contém talvez um trocadilho infame, por conta de poder aludir à recente ida deste escriba-proletário ao bairro paulistano do Paraíso, onde o Centro Cultural São Paulo projetou um ciclo de filmes italianos (a rigor, bancário não é proletário, mas conceda-se a licença poética). Dentre os filmes deste ciclo estava “A classe operária vai ao paraíso”, de Elio Petri, realizado em 1971, o qual será objeto do presente comentário. O personagem principal do filme, assim como Lulla, também é um Luís, o italiano Ludovico Massa, apelidado de Lulu. Assim como Lulla, um metalúrgico, e como ele, também vítima de um acidente de trabalho, no qual perde um dedo. Mas as semelhanças entre os dois param por aí. Lulu protagoniza apenas e tão somente um pequeno episódio de luta sindical. Mas esse episódio vem a ser uma preciosa fonte de ensinamentos sobre o papel da classe operária na história universal da luta de classes. A princípio, Lulu parece ser o menos indicado para protagonizar qualquer episódio de luta sindical. Ele é o operário-padrão, o stakanovista, que se submete voluntariamente a um ritmo desumano de produção, na tentativa de ganhar um valor extra no salário referente a uma premiação por peça. O movimento sindical local está justamente em