A cidade enquanto dispositivo de produ o de subjetividade na rela o com sujeitos assistidos em servi os de Sa de Mental no Brasil
Marcelo Jackson Santos Silva
O fenômeno da Saúde Mental e seu locus: entre a cidade e confinamento
No famoso trabalho de Michel Foucault sobre a história da loucura já encontra-se situada a relação da cidade com os fenômenos tidos como insanos. Nas cidades do período medieval e do renascimento o filosofo francês apontou a existência de acontecimentos comuns a relação destas com o louco. Supõe ele que em geral tais locais costumavam assumir a responsabilidade por seus insanos, ao mesmo tempo que expulsava aqueles não nascidos em seu território, mas que como errantes por lá acabavam por chegar. (FOUCAULT, 1978, p.14)
Alguma dessas cidades até organizavam e financiavam certas peregrinações para os loucos. Foucault até comenta a existência de uma embarcação, Narrenschiff, que foi destinada a estas peregrinações. Já em “outras cidades como Nuremberg, que certamente não foi lugar de peregrinação e que acolheram grande número de loucos, bem mais que os podiam ser fornecidos pela própria cidade. Esses loucos são alojados e mantidos pelo
orçamento da cidade, mas não tratados: são pura e simplesmente jogados na prisão. É possível supor que em certas cidades importantes- lugares de passagem e de feiras- os loucos eram levados pelos mercadores e marinheiros em número bem considerável, e que eles eram ali ‘perdidos’, purificando-se assim de sua presença a cidade de ode eram originários” (FOUCAULT, 1978, p.15)
Já na modernidade a partir do século XVII, onde o isolamento social, o confinamento, passou a ser a prática comum a qual eram submetidos os loucos, cabendo-se “recolher, alojar, alimentar aqueles que se apresentavam de espontânea vontade, ou aqueles que lá são encaminhados pela autoridade real ou judiciária”. (FOUCAULT, 1978, p. 56)
Esses espaços de internamento, que passaram a ser conhecidos pela alcunha de Hospital Geral,