A Bondade de Estranhos de Mauricio Ianes, uma análise pela estética REelacional

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A BONDADE DE ESTRANHOS” DE MAURICIO IANES E
A ESTÉTICA RELACIONAL1 Denise Cristina Holzer
Margarida Gandara Rauen 2

RESUMO
Este artigo aborda, com o referencial da Estética Relacional, a interferência performática “A Bondade de Estranhos”, do artista Mauricio Ianes, composição feita com roupas e objetos trazidos pelo público durante os 13 dias em que Ianes perambulou nu na 28ª Bienal de São Paulo (2010). A delimitação se justifica pela escassez de estudos sobre arte contemporânea, fato problematizado por Nicolas
Bourriaud (2009), ao observar que a crítica evita, mantém ilegíveis e banaliza as práticas de arte que fogem aos padrões familiares. A pesquisa objetivou caracterizar o trabalho de Ianes como arte relacional, dado o pressuposto de que a sua composição não só necessita de agência externa para se realizar, mas proporciona uma vivência de troca entre performer e público.
Palavras‐chave: Processos criativos, performance, participação, público INTRODUÇÃO A Bienal de São Paulo sempre apresenta obras polêmicas ou de difícil compreensão porque fogem ao senso comum. Na 29ª versão, em 2010, houve repercussão causada por uso de animais em instalações e telas representando o assassinato de políticos. Não menos polêmico, na 28ª versão da Bienal, no ano de
2008 o artista Mauricio Ianes trouxe A Bondade de Estranhos, perambulando nu por
13 dias nos espaços do Ibirapuera. Como entender poéticas participativas, que não constituem uma obra vendável ou decorativa, nem um espetáculo para entretenimento? Esta pergunta é central em estudos sobre produções processuais e também ocorre frequentemente no meu trabalho como professora de Arte. Para responde‐la, desenvolvi uma pesquisa exploratória,

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