A ATUTUDE EXISTENCIAL

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A ATITUDE EXISTENCIAL

Entre as múltiplas e extravagantes criações em que foi pródigo o nosso século conta-se a de uma certa categoria de homens que se caracteriza pela ausência de caracteres; é que o universal não pode definir, por si só, coisa alguma e esta fauna que precisamente aqui tenho em vista é constituída por homens que não possuem aquela espécie de densidade que toma possível caminhar com segurança num mundo onde a "gravidade" impera, homens que não conseguem atingir o singular senão pela mediação do universal, que não conseguem palpar o concreto senão através dos caminhos áridos da abstracção. Estes ruminantes de ideias, estes homens sem raízes, estes seres voláteis que transportam como um fardo no mundo concreto das preocupações quotidianas a saudade de um universal que nunca viram, são o que propriamente pode designar-se por intelectuais. Dir-se-á que em todos os tempos houve homens que se dedicaram ao ofício de pensar, mas aqueles que aqui se nomeiam "intelectuais" são decididamente um produto do nosso século. O erro seria o de pensar que se trata de homens que pensam, são, quando muito, pensamentos que procuram o seu homem. Quando um homem tem os ses direitos firmemente estabelecidos sobre o mundo esse homem pensa por excesso e o seu pensamento não carece de justificação; mas o intelectual não se sente com direitos sobre coisa alguma, o seu pensamento não é um excesso, é uma necessidade, não é uma justificação, mas uma fundação. Porque a sua realidade não lhe é dada com a certeza de quem sabe existir por direito divino, o intelectual dos nossos dias vai procurar fundar-se em pensamento. A sua filosofia contudo tem sempre má consciência. Quando um homem se pensa firmemente assente sobre a terra, seguro e convencido do papel que aí lhe cabe desempenhar, esse homem pode satisfazer-se com uma justificação ideal, porque os seus problemas são problemas de ideias. Mas o drama do intelectual não é um drama de gente. Realmente é muito diferente partir

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