A aparição do recalque na linguagem. o caso signorelli

Melissa de Freitas Lourenço

A linguagem do recalque. O caso Signorelli

Atenho-me neste trabalho em ilustrar o tema principal a ser discutido, a partir de um caso descrito por Sigmund Freud, em 1989 no artigo O Mecanismo Psíquico do Esquecimento. Freud relata no início deste texto a sua primeira publicação sobre o ato falho, traduzido termo do alemão “fehlleistung”, termo esse que tem gênese no pensamento freudiano.
Esse caso foi compartilhado na época à Fliess, nas cartas 94 e 96, posteriormente a publicação do artigo em 1989, mais precisamente em 1901, Freud dedica um vasto estudo sobre Esquecimentos e atos da linguagem na obra Psicopatologia da vida cotidiana.
Durante uma viagem de férias, no verão de 1989, Freud percorreu de trem até uma cidade da Herzegovina. Durante o percurso e em conversa com um companheiro de viagem, ambos dialogavam sobre as características culturais e dos habitantes da Bósnia e Herzegovina - países que integravam o Império Austro-Húngaro na época – e Freud reportava ao seu companheiro viajante informações de um amigo seu, médico, e que relatara durante um período na Bósnia o retrato da importância médica para o povo turco e a evidência de uma conduta de resignação frente à morte, bem como uma demasiada importância atribuída aos prazeres sexuais.
Adiante a conversa seguiu sobre o universo artístico italiano, onde Freud encalorado pelo tema recomenda ao viajante visitar a Catedral de Orvieto e contemplar as pinturas sobre o fim do mundo e do Juízo Final, obras cujo autor tão conhecido por Freud lhe escapava o nome, e que em sua busca por encontrá-lo teimavam em serem substituídos por Botticelli e Boltraffio – também artistas italianos – nomes esses que Freud precisava não ser o que lhe estava oculto. Após dias percorrendo por uma resposta, sua memória ainda permanecia em lapso, até que outro sujeito acabou com sua inquietação, conferindo à Signorelli o nome que fora subitamente esquecido.
Esta experiência provocou outra