A alma é uma tábula rasa. todo o conhecimento é obtido pela experiência. por isso, os sentidos têm papel central nesse processo

7477 palavras 30 páginas
Dentre os diversos veios de renovação da sociologia contemporânea da cultura, a contribuição de Pierre Bourdieu talvez possa evidenciar-se, com maior nitidez e impacto, por conta das transformações por que passaram os enunciados e os registros de sentido de dois conceitos-chave de sua obra, as noções de campo e habitus. Tentarei fazer um apanhado sintético de sua apreensão do mundo social por meio de momentos decisivos de inflexão, nos quais se pode captar a complexidade crescente das notações de sentido e, ainda mais, da substância de entendimento expressa e recoberta por esse par conceitual.

Nos trabalhos e pesquisas da primeira fase de sua carreira – a saber, grosso modo, entre o final dos anos de 1950 até o começo dos de 1970, desde os estudos etnográficos sobre a Argélia, sobre a sociedade camponesa, passando pelas obras consagradas ao sistema de ensino francês, aos usos sociais da fotografia, aos padrões de freqüência dos museus, até o lançamento do manual de combate Le métier de sociologue –, as primeiras tentativas de formulação conceitual das noções de campo e habitus, bem como de seu emprego na prática analítica, foram motivadas amiúde por suas reflexões sobre as condições sociais de emergência e operação da atividade intelectual. A idéia de um campo intelectual já se encontra esboçada no famoso artigo sobre a sociologia e a filosofia francesas no segundo pósguerra; a noção de habitus foi desentranhada de sua releitura iluminadora de um dos textos seminais de Panofsky1.

Bourdieu e a renovação da sociologia contemporânea da cultura Sergio Miceli

1.Bourdieu e Passeron (1967); Posfácio à obra de Panofsky (1967), traduzida por Bourdieu.

Bourdieu e a renovação da sociologia contemporânea da cultura

A esses dois textos publicados em 1967 vieram se juntar os artigos “Campo do poder, campo intelectual e habitus de classe” e “Gênese e estrutura do campo religioso”, ambos de 1971. O primeiro deles busca articular o emprego de ambos os conceitos, numa

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