A aLEMANHA NO SECULO xix

1. A Alemanha no Século XIX e Suas Expressões

As expressões artísticas que emergiram na Alemanha durante a primeira metade do século XIX têm profunda relação com a conjuntura sócio-política vigente neste período. É importante salientar que a Alemanha firmou-se como Estado somente em 1871, resultado de um processo que começou a se desenvolver durante as invasões napoleônicas no início do século, mas que só foi ganhar substância após a Primavera dos Povos, em 1848. Até então, o território germânico era uma coligação de reinos europeus que possuíam o alemão como língua oficial; não havendo ainda assimilação de pátria ou de concidadania por parte das comunidades germanófonas. O que existia era uma relação cuja identidade se originava das caracterizações que remontavam ao período medieval, onde a ligação com o solo natal ditava todas as formas de relação social. Antes de ser alemão, o indivíduo reconhecia-se como bávaro, saxão, francônio, suábio ou prussiano. Há de se entender, portanto, que o sentimento nacionalista de unificação alemã não nasceu de maneira espontânea; como a expressão legítima de um povo que se reconhecia como tal. Tratava-se de uma reação que irradiava “de cima para baixo” em momentos de crise – no caso das invasões napoleônicas – ou em momentos de expansão - tal qual nas campanhas imperialistas realizadas no II Reich – os quais exigiam dos ducados germânicos certa coerência para a manutenção do território. No entanto, uma vez despertado, o sentimento de patriotismo passa a penetrar no consciente social, encontrando na classe artística uma das suas formas mais prolíficas de expressão. Embora as tendências artísticas surgidas nos anos de turbulência fossem intensamente politizadas; provindas principalmente de uma classe intelectualizada; a qual proliferava a ideia de uma Alemanha una, jovem e liberta (rompendo desta maneira com o velho modelo da Alemanha feudal e absolutista), os gêneros populares não compartilhavam com elas do mesmo