A ALEGORIA DA CAVERNA E A BARBARIE DA DOÇURA

4637 palavras 19 páginas
Filosofia – Nilson de Farias
A ALEGORIA DA CAVERNA E A BARBÁRIE DA DOÇURA
Considerado por Jean-François Mattéi como o texto filosófico mais importante do Ocidente, a alegoria da caverna é sempre atual, pois ilustra a condição humana, hoje, mais do que nunca, voltada às aparências. O doce torpor ao qual estamos submetidos desde a infância é a barbárie à qual Platão se refere no livro VII de A República
Por: Márcia Junges | Tradução Benno Dischinger
Fonte: http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2572&secao=294
Aceso em 16/04/2012

“O que Platão denuncia na alegoria da caverna, no livro VII de A República, não é a barbárie da violência, mas antes a barbárie da doçura: os prisioneiros não estão pressionados por guardas que os reduzem à escravidão. Além disso, eles não trabalham como escravos e não são compelidos a atividades penosas. Bem ao contrário, eles estão num doce torpor desde a infância, submetidos a um desfile de imagens que lhes agradam tanto que eles não procuram livrar-se delas”, constata o filósofo francês Jean-François Mattéi na entrevista a seguir, exclusiva, concedida por e-mail à IHU On-Line. Dessa forma, é possível percebermos a atualidade desse texto, pois hoje, mais do que em quaisquer outras épocas, estamos “voltados às aparências”. Na verdade, acentua Mattéi, “nós retornamos tanto mais à caverna por jamais a termos deixado”. As imagens que nos são impostas formam um mundo virtual que tende a tomar o lugar do mundo real em função de seu imediatismo e facilidade. A influência do pensador grego no pensamento de Emmanuel Lévinas e a rotulagem do cristianismo como “platonismo para o povo”, por Friedrich Nietzsche, são outros temas dessa entrevista.
Mattéi é professor emérito da Universidade de Nice-Sophia Antipolis e do Instituto Universitário da França. Escreveu, entre outros, L’Étranger et le Simulacre. Essai sur la fondation de l’ontologie platonicienne (Paris: PUF, 1983), L’ordre du monde. Platon,

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