A abordagem territorial do desenvolvimento
do desenvolvimento rural – mudança institucional ou “inovação por adição”?
Arilson FAvAreto
Introdução
m número
u
da revista estudos avançados de 2001 publicou uma interessante série de artigos num dossiê “desenvolvimento Rural”. a diversidade dos temas e alguns dos processos sociais sublinhados em boa parte dos trabalhos ali publicados mostra como não faz mais sentido tratar o rural como sinônimo do agrário, que é preciso compreendê-lo, sobretudo, por sua natureza eminentemente territorial. a emergência disso que se convencionou chamar de abordagem territorial do desenvolvimento rural já foi objeto de alguns importantes trabalhos (veiga, 2000; abramovay, 2003; schneider, 2003; Favareto, 2006). sua origem está relacionada, de um lado, ao reconhecimento de novas dinâmicas espaciais, tendo como um dos marcos inegáveis o já clássico trabalho de Bagnasco (1977). de outro lado, isso acontece num momento histórico também marcado por um certo realinhamento dos instrumentos tradicionais de promoção do desenvolvimento. a descentralização das políticas e também da atividade industrial, associada à redução e a um certo redirecionamento da intervenção estatal, contribuiu para que, particularmente nos meados dos anos 1980 e nos anos 1990, se instituísse um padrão em que, em lugar dos investimentos diretos e de corte setorial, caberia ao estado criar condições e um certo ambiente a partir do qual os agentes privados pudessem, eles mesmos, fazer a alocação, supostamente mais eficiente, dos recursos humanos e materiais. aqueles processos sociais e econômicos de corte eminentemente territorial, e não mais meramente setorial, e esse novo padrão são, em síntese, as principais razões da emergência e consolidação dessa nova abordagem. este artigo pretende iluminar um aspecto ainda não suficientemente abordado por estudos e pesquisas dedicados ao tema: a disseminação da abordagem territorial, inicialmente por meio da moldagem de um novo discurso nos