Yoloer

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A profissão de psicólogo foi regulamentada no Brasil em 1962. Pouco tempo antes do Golpe Militar que condenou o País a um longo período ditatorial. Na época, as práticas psicológicas se consolidaram sob a influência de ideologias desenvolvimentistas, pautadas pela repressão política e pelo patrulhamento ideológico, que caracterizaram o Brasil ao longo de quase três décadas de ditadura explícita.

A decorrência imediata desses fatos nas práticas psicológicas e, obviamente, na formação profissional foi o predomínio de abordagens individualistas, descontextualizadas e apoiadas em modelos abstratos de seres humanos. Tais modelos eram tomados como medidas para a realização e avaliação das ações o que engendrou processos de normatização e de controle das pessoas e contribuiu para a naturalização das expressões de violência e repressão. Assim, este cenário favorecia o uso da psicologia para a articulação de espaços de exclusão social e de adaptação dos "desviantes" , transformando práticas em instrumentos de controle ideológico.

Especialmente a classe média brasileira era atingida por esse processo, pois a ideologia desenvolvimentista causava na população brasileira "um profundo conformismo político" , além da "produção de subjetividades consumistas" (Coimbra, 1995, p. 56). Nesta ótica era evidente a predominância de perspectivas individualistas também na produção do conhecimento e nas práticas psicológicas. Como afirmou Campos (1992), a psicologia contribuía, em algumas ocasiões, como ferramenta ideológica, com potencial de tornar os mecanismos sociais vigentes obscuros, através da legitimação da desigualdade, com argumentos "pretensamente universais e neutros" (p. 125).

O controle e a repressão dos movimentos sociais organizados, através do regime ditatorial, protelaram a adoção de posicionamentos críticos de grande parte dos cidadãos quanto à realidade brasileira seja pelos processos de alienação patrocinados pela ditadura, seja pelo medo de ser alvo das

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