Visão de mundo

“VISÃO DE MUNDO NA PRODUÇÃO CIENTÍFICA”

Paloma Zimmer

Introdução

As últimas décadas foram marcadas pelo crescimento exponencial no número de cursos de mestrado e doutorado no Brasil. Em 2008 havia no país 2.588 programas de pós- graduação, enquanto que na década de 60 eram apenas 38 cursos (SANTOS, AZEVEDO, 2009). Da mesma forma, a produção científica também aumentou, tendo-se em vista o montante de pesquisadores egressos dos programas de pós-graduação. No entanto, tem-se observado crescimento quantitativo e não qualitativo nos trabalhos publicados. Este assunto tem servido como tema de estudo em diversas áreas, e por diversos autores (BERTERO, CALDAS, WOOD Jr., 1999). Ao analisar os trabalhos que visam estudar o estado da arte em Administração, Bertero, Caldas e Wood Jr. (1999) concluem que a produção nesta área “é periférica, epistemologicamente falha, metodologicamente deficiente, sem originalidade e pratica, em grande escala, mimetismo mal informado”. Conclusão semelhante apresentada por Caldas, Tonelli, Lacombe (2002) ao estudarem os artigos científicos publicados na década de 90 na área de recursos humanos, “uma pesquisa que cresceu mais no volume do que na qualidade, de temática diluída e fronteira em disputa, funcionalista e empiricista, metodologicamente questionável, com predominância de pesquisa qualitativa sem maior pretensão indutiva”. Este cenário corrobora com a problemática apresentada por Triviños no inicio da década de 90, ao expor a dificuldade para desenvolver os pensamentos em torno dos conteúdos da educação. Segundo o autor, as razões que desencadearam este panorama são de natureza múltipla, mas estão fundamentalmente atrelados ao processo unilateral de informação cultural, a dependência cultural e ao distanciamento dos fundamentos filosóficos na formação profissional (TRIVIÑOS, 1992). Mas de fato, quais são as razões que desencadearam a desconexa produção científica brasileira? Seria a carência dos