VIOLENCIA DOMÉSTICA
2 CONTEXTUALIZAÇÃO
Estima-se que a violência contra a mulher tenha proporções epidêmicas no mundo todo. Na verdade, em 1989 o Worldwatch Institute declarou a violência contra a mulher como sendo o tipo de crime mais freqüente do mundo (BANDEIRA, 1998). "Nos Estados Unidos, a violência no lar é a maior causa isolada de ferimentos em mulheres, responsável por mais internações hospitalares do que estupros, assaltos e acidentes de trânsitos juntos". (BANDEIRA, 1998).
Embora tenhamos que ser cuidadosos com os resultados de pesquisas epidemiológicas por diversas razões metodológicas (dentre as quais a própria a dificuldade de coleta de dados deste tipo), estima-se que um quarto das mulheres de todo o mundo sejam vítimas de violência em seus próprios lares.
Calcula-se que 40 % das mulheres assassinadas no Canadá foram vítimas de homicídio pelo parceiro. Nos Estados Unidos esta porcentagem salta para 52% sendo que no Brasil, como poderia ser esperado, a incidência de homicídios femininos pelo parceiro é mais alta ainda, sendo cerca de 66 % (Machado, 1998). Curiosamente a porcentagem de mulheres assassinadas pelo companheiro na cidade de São Paulo no ano de 1995 foi menor do que a incidência nacional, sendo equivalente a taxa do Canadá, em torno de 40 %, segundo o pesquisador Renato Lima da Fundação SEADE (Folha de São Paulo, 2000).
Ressalta-se que companheiro é definido por "parceiro de relações amorosas e sexuais com alguma presumida estabilidade" embarcando "esposos, companheiros, amantes, namorados, noivos, ex-esposos, ex-companheiros, ex-amantes e ex-namorados" (MACHADO, 1998, p.113-114).
O índice assustadoramente alto da violência conjugal faz com que a casa da mulher seja o local em que ela mais corre perigo – "É de senso comum o fato de que os homens morrem nas ruas e as mulheres morrem em casa" (BANDEIRA, 1998, p.68).
O quanto à violência contra a mulher é corriqueira é ilustrado pela freqüência com que as pessoas se aproximam para narrar episódios