Violencia contra mulher
Miriam Pillar Grossi e Rozeli Maria Porto[1] O tema da violência contra a mulher foi um dos temas privilegiados pelo movimento feminista brasileiro ao longo dos últimos trinta anos, servindo como articulador do campo militante com o campo das pesquisas acadêmicas. Já na segunda metade da década de 70, algumas das primeiras manifestações públicas do nascente movimento feminista no Brasil tiveram como objeto o protesto contra os julgamentos de mulheres assassinadas por seus companheiros que, em geral, resultavam na absolvição dos réus sob a alegação da defesa da honra. Estas mobilizações foram precedidas pela importante pesquisa de mestrado, defendida em 1975 na Unicamp de Mariza Correa, publicada em 1983, Morte em Família. Este trabalho e seu primeiro livro, Crimes da Paixão (1981) forma inspiradores tanto para as manifestações feministas como para a realização de uma primeira leva de pesquisas acadêmicas sobre o tema das violências contra as mulheres, desenvolvidas no decorrer dos anos 80 (Pontes, 1986; Gregori, 1988; Grossi, 1988). É também na virada da década de 70 para a década de 80 que surgem no Brasil as primeiras organizações feministas com o objetivo de lutar contra as violências sofridas pelas mulheres, os SOS Mulher. Estas organizações feministas atendiam mulheres em situações de violências conjugais e foi a partir da experiência destes serviços são criadas, a partir de 1985, sob pressão do movimento, as Delegacias de Atendimento à Mulher (DEAMs), local que é hoje o campo privilegiado de pesquisas sobre este temática. Apresentamos neste artigo alguns resultados relativos à pesquisa realizada pela equipe[2] do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades da Universidade Federal de Santa Catarina (NIGS/UFSC) intitulada Mapeamento Nacional de Pesquisas e Publicações sobre Violência contra Mulheres, pesquisa que teve o apoio institucional da Fundação Ford e contou com o