Vidas secas projeto

INTRODUÇÃO/REVISÃO DE LITERATURA

A priori, pretendemos analisar a obra “Vidas Secas” de Graciliano Ramos sob a ótica da Teoria do Dialogismo de Mikhail Bakhtin. A obra do escritor alagoano é considerada por muitos críticos literários como uma das melhores produções do regionalismo brasileiro.
O livro é dividido em 13 capítulos independentes, de modo que a única relação existente concerne à temática da seca que sempre gera transtornos na vida das personagens. Assim, com um estilo conciso e objetivo, o autor retrata a vida social no nordeste enfatizando os problemas que ali se encontram.
Ademais, em virtude de todos os problemas demonstrados na obra, as personagens revelam um perfil social, político e psicológico que indicam uma versão crítica da sociedade.
Urge destacar ainda, que a aludida obra evidencia o caráter dialógico de Bakhtin. Para o russo, a enunciação é o produto da interação de dois indivíduos socialmente organizados, não existindo fora de um contexto sócio-ideológico, de modo que qualquer enunciação pressupõe uma reação. Assim, para que se caracterize uma enunciação completa, mister se faz a presença de significação e de tema ou sentido.
Por significação entende-se como sendo os conceitos responsáveis pela compreensão entre os falantes, ao passo que o tema ou sentido estabelece uma ligação entre os interlocutores. Assim, o sentido da enunciação está adstrito ao efeito de interação entre o locutor e o receptor. Destarte, esse movimento dialógico da enunciação caracteriza sua teoria.
Por fim, insta ressaltar que o dialogismo não se confunde com a polifonia presente na obra. O primeiro se refere ao princípio constitutivo da linguagem, ao passo que o segundo se caracteriza pela presença de vozes polêmicas em um discurso, característicos do gênero romance.
Desse modo, o presente trabalho analisará a obra no tocante à sua estrutura, ao contexto social e, principalmente, no que concerne à presença da teoria dialógica de Bakhtin em Vidas Secas.