Vida nervosa

2172 palavras 9 páginas
Introdução
A pesquisa de campo realizada por Luiz Fernando D. Duarte, inicialmente, tinha como objetivo o estudo de processos de construção das identidades sociais face à diferenciação acentuada das experiências de trabalho pelas quais passavam aquele grupo social do bairro de classe trabalhadora em Niterói. Porém, durante a execução dessa pesquisa, teve sua atenção voltada para um tema que se revelava cada vez mais profundo. Tratava-se do encosto no INPS por doença de nervos, ou seja, a obtenção do “auxílio saúde” daquele órgão, atribuído em função do que seus agentes qualificariam como “distúrbios psíquicos” (DUARTE, 1986, p. 09). Ao aprofundar-se nas questões referentes ao “encosto” no Instituto, percebeu que esse representava apenas uma das facetas de um universo de questões mais vasto e articulado. Mesmo a chamada doença de nervos mostrou ser apenas o início de um problema mais profundo. Duarte narra, durante seu capítulo “O Espaço Cultural dos Nervos e Nervosos”, a história da família de D. Laura, “preciosa informante ao longo de oito anos de conversa e observação mútua” (DUARTE, 1986, p. 23). Durante esse relato, dispomos de diversos pontos de vistas a respeito do que é a doença de nervos. Relata-se sobre quem sofre de nervoso, quem seja maluco, quem tenha se encostado por nervoso que algo no trabalho lhe causou, quem tenha problema de nervos, internação por nervoso, doença mental decorrente de algum tipo de trauma, entre muitas outras manifestações do mesmo problema. A palavra “nervoso” carrega em si todas as categorias de perturbação, tanto morais quanto físicas. Entretanto, cabe especificar que ele se expressa sob dois modos diferenciados, de SER nervoso ou ESTAR nervoso. Estar nervoso pode na verdade ser expressa de diversas outras maneiras, expressa um estado de perturbação mais leve ou mais passageiro atribuível, geralmente, a uma causa externa. Ser nervoso, no entanto, refere-se a uma característica mais estática, um quadro mais intenso e

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