Vico

Até o fim de seu livro1, Vico manifesta de forma audaz que não pode abster-se de dar ao mesmo o invejoso título de Ciência Nova, “porque seria demasiado o desiludi-lo injustamente da razão que tinha sobre um argumento tão universal como o referente à natureza comum das nações”, subtítulo de sua “Princípios de uma nova Ciência”. Quais são estes princípios e qual o novo método de sua Ciência?
Referindo-se a seus principais aspectos2, Vico nos dá as seguintes definições: 1) “Uma teologia civil racional da providência”, ou seja, uma demonstração da divina providência na história social, incluindo tais matérias civis como matrimonio, funerais, leis, formas de governo, luta de classes, etc; 2) Uma “filosofia da autoridade”, em particular da origem da propriedade, já que os fundadores (autores) da sociedade humana foram também os que instituíram a propriedade, as leis e as tradições; 3) “Uma história das idéias humanas”, particularmente dos mais antigos ideais religiosos dos homens acerca do firmamento; 4) “Uma crítica filosófica” das tradições religiosas mais remotas, em especial das teogonias; 5) “Uma história ideal eterna, trilhada através dos tempos pelas histórias de todas as nações”, expondo a típica configuração, sempre repetida, do processo da civilização; 6) “Um sistema de lei natural das nações”, cuja naturalidade se baseia na necessidade e utilidade primitivas; e 7) Uma ciência dos inícios ou princípios mais antigos e obscuros da “história profana universal” do mundo dos pagãos, interpretando a oculta verdade das fábulas mitológicas. Em conjunto, a Ciência Nova é em todos os seus aspectos uma teologia racional do mundo civil, o mundo histórico humano, fazendo grande ênfase em toda ela sobre a mentalidade primitiva, heróica e imaginativamente religiosa, que Vico considerou como o fundamento criativo da Humanidade mais leve e adulterada das idades posteriores.
Para o leitor do século XX, familiarizado com a Filosofia do Espírito objetivo de Hegel e com