Vestido de Noiva

Nelson Falcão Rodrigues, nascido em Recife no ano de 1912, foi morar ainda quando criança no Rio de Janeiro, local onde foi reconhecido como grande dramaturgo brasileiro. Sua segunda peça teatral foi Vestido de Noiva, obra que deixou o autor consagrado em todo Brasil, foi um marco na dramaturgia nacional. Sua primeira montagem foi no ano de 1943, quando deu início a um processo de modernização do teatro no Brasil. A obra é de teor psicológico. Intercalada em três planos, alucinação, realidade e memória. Contada em três atos, não é feita de forma cronológica, as coisas acontecem e se misturam em meio à peça, há também duas escadas laterais e o uso de microfone. A história de Alaíde é contada conforme ela vai lembrando-se dos acontecimentos de sua vida. Na cama de um hospital, após um grave atropelamento, a moça tem alucinações e uma viagem interior onde conversa com Madame Clessi enquanto está sendo operada. Seu casamento com Pedro, seu relacionamento conturbado com a irmã, Lúcia, como conheceu a história de Madame Clessi. A peça não apresenta só o conflito entre as irmãs, mas também a ternura de Alaíde e a culpa por pensar ter matado o marido, Pedro. Após a morte de Alaíde, Lúcia jura frente o cadáver da irmã que não terá mais relações com Pedro, porém acaba casando-se com ele ao final da Peça. Essa peça é uma obra de tragédia e perpassa também um melodrama moderno.

Citações “1ª MULHER (a que joga paciência) – Morreu. Assassinada. 3ª MULHER (com voz lenta e velada) – Madame Clessi morreu! (brusca e violenta) Agora, saia! ALAÍDE (recuando) – É mentira. Madame Clessi não morreu. (olhado para as mulheres) Que é que estão me olhando? (noutro tom) Não adianta, porque eu não acredito!...” (p. 2)
“CARIOCA-REPÓRTER – Uma senhora foi atropelada. REDATOR DO DIÁRIO – Na Glória, perto do relógio? (...) CARIOCA-REPÓRTER - O Chofer meteu o pé. PIMENTA - Bonita, bem vestida. REDATOR D'A NOITE - Morreu? CARIOCA-REPÓRTER - Ainda não. Mas vai.”(p. 2) “ALAÍDE – (...)