Vargas

Resumo: O objetivo deste artigo é analisar as relações entre o governo Vargas e o fascismo, enfatizando a aproximação entre algumas ideologias e práticas de sua administração e os governos fascistas da Europa entre guerras, o que não o impediu de adotar uma política repressiva ao nazi-fascismo em território nacional. Serão analisados tanto a aproximação como o afastamento em relação ao fascismo, tendo como base a diferente forma de tratar a questão da identidade nacional.

Palavras-chave: fascismo – nacionalismo - autoritarismo

As relações entre o governo Vargas e o fascismo é um tema controverso na história do Brasil, que pode ser abordado por meio de um conjunto variado de fontes, entre elas discursos de líderes do governo Vargas, correspondências entre membros do governo, documentos oficiais sobre a política de imigração adotada no período e relatórios da polícia política. Para efeito de comparação com o fascismo, utilizaremos também discursos de líderes nazistas, mais especificamente no que diz respeito à questão racial e anti-semita, já que o anti-semitismo esteve presente em ações e políticas implementadas pela administração Vargas.

As relações entre o governo Vargas e o fascismo foram marcadas por uma extrema ambiguidade, anunciando ora o distanciamento, ora a aproximação com os governos fascistas, o que tem sido explicado pelos interesses comerciais do Brasil no período em relação tanto à Alemanha como aos EUA. Porém, acreditamos que esta explicação não abarca totalmente o problema das relações entre o governo Vargas e o nazi-fascismo, pois a contradição deve ser compreendida na maneira como a questão racial era tratada pelas elites nacionais.

A configuração institucional e ideológica do governo Vargas foi muito influenciada pelo contexto internacional do período, profundamente marcado pela ascensão de ideologias e movimentos da extrema-direita, notadamente o nazismo alemão e o fascismo italiano. Após a primeira guerra mundial, emerge na