Valor da experiência na Natureza
Maria Ilhéu1* & Sónia Gouveia2*
1
Ecóloga, Departamento de Paisagem, Ambiente e Ordenamento da Universidade de Évora, *Instituto de Ciência Agrarias e Ambientais
Mediterrânicas, Portugal
2
Psicóloga, Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, Lisboa.
“A educação para a sustentabilidade deve começar com o mundo natural. Tudo o resto é uma abstração e não serve para responder aos desafios educacionais do próximo século”
DeMoor
A grande maioria das sociedades contemporâneas enfrenta graves constrangimentos que estão intimamente ligados às profundas alterações na organização socio-ambiental do território. A industrialização e a crescente migração das populações rurais para as cidades, associada a um modelo de desenvolvimento assente no consumismo, conduziram a um enorme distanciamento entre o ser Humano e a Natureza. Atualmente verificam-se enormes e crescentes necessidades de consumo de bens e serviços totalmente dependentes dos recursos naturais, verificando-se simultaneamente um enorme alienamento quanto à sua origem assim como ao respectivo ciclo de produção/renovação. O distanciamento e desconexão emocional entre ser Humano e a Natureza, assim como a sua atitude de domínio e sobre-exploração dos recursos face à sua capacidade de renovação, provocam impactos negativos tanto para o meio natural como no ser Humano, dos quais são exemplos o declínio da biodiversidade (ver Butchard 2010) assim como o aumento de patologias ambientalmente relacionadas de entre os quais se destacam a alienação, depressão, fobia, hiperatividade/ansiedade (e.g. Bragg, 1996; Conn, 1998; Kals & Maes, 2004).
A Natureza no seu sentido mais amplo é o meio onde toda a atividade humana se desenvolve. Os ecossistemas naturais providenciam água, alimento, materiais primas (minerais, madeira, fibras, combustíveis, etc), e prestam à humanidade ainda benefícios não-materiais