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OS VALORES CULTURAIS BRASILEIROS:
POSSIBILIDADES PARA UMA EDUCAÇÃO ÉTICA

Clary Milnitsky Sapiro, PhD.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Instituto de Psicologia

Na área da Psicologia do desenvolvimento moral, vários autores conduzem a uma sucessão de teorias que buscam explicar o ato moral e apresentar "a melhor acepção de humanidade" com os respectivos estágios a serem percorridos afim de que a alcancemos. Estágios de julgamento moral (Kohlberg e Piaget), estágios de amizade (Elkind, 1976), de altruísmo, até estágios de da capacidade de perdoar (Robert Enright), conseqüentes todos, da descentração ('role-taking').
Paralelamente ao desenvolvimento dessas teorias, a literatura tem discutido a controvérsia acerca de valores morais dos indivíduos como reconstruções das normas culturais predominantes, logo, - o relativismo moral,- versus o argumento de que a moralidade reflete também construções cognitivas e racionais de justiça e bem-estar, fundamentais às interações humanas e independentes de organização social, logo – o universalismo dos princípios morais. Se considerarmos então, que a avaliação de atos morais de indivíduos em um grupo social, tem implicações sócio-políticas pois contingentes ao processo histórico vivido, ao mesmo tempo, éticas quando cotejadas aos princípios que as norteiam, podemos avaliar alguns dos valores culturais brasileiros, na sua estrutura motivacional, para, à luz de uma abordagem axiológica sugerirmos aspectos importantes no que diz respeito ao contexto e a uma educação formal voltada para a ética.

Para fundamentar as possibilidades de uma educação para a ética a partir de modelos de raciocínio crítico, farei uma breve exposição da teoria que investiga a partir da psicologia social, a estrutura motivacional dos valores humanos, ou seja, a dimensão motivacional dos valores, e, paralelamente, buscarei estabelecer uma relação entre os valores peculiares à cultura brasileira encontrados por Tamayo e Schwartz1 (1993)