Um ser comum
METONÍMIA
Profa. Dra. Sandra Meyer (Programa de Pós-Graduação em Teatro/UDESC)
Resumo:
O ensaio discute a noção de metonímia como estratégia acional passível de deslocamentos de sentido em processos de criação. O conceito em questão é abordado como estrutura de conhecimento para a constituição de uma política de ação menos causal e mais articulada com o acontecimento em atos performativos.
Palavras-chave: Corpo, Metáfora, Metonímia, Criação, Performance.
Introdução
No ato de criação e construção de sua proposições poéticas o artista lida com complexos processos de conhecimento que, em grande parte, são apartados de uma intencionalidade, controle ou consciência do agente. Para compreender as coisas e agir no mundo categorizamos experiências, coisas e pessoas, essas categorias, antes de serem conceitos estabelecidos somente a priori, emergem diretamente de nossa experiência na interação com o ambiente. Lacan (2002;
1996) relaciona os dois processos freudianos formadores do inconsciente aos processos de metáfora e metonímia. Mesmo subterraneamente é possível vislumbrarmos campos categoriais reincidentes na relação do corpo com o ambiente, o que demanda ao artista uma atenção aos processos de estruturação do pensamento (sejam metafóricos ou metonímicos) nos quais está inserido.
Se considerarmos os processos de conhecimento como sendo incorporados1, a noção de metáfora ganha outros contornos. Neste entendimento, a categorização que efetuamos não seria uma atividade mental “pura” e desencarnada, mas condicionante do conhecimento intelectual e da própria experiência. Em se tratando dos ambientes de trabalho investigativo e formativo, quais seriam as metáforas que mais comumente dão ignição à ação do corpo do ator, do dançarino ou do performer? Qual a política cognitiva que os aproximaria dos efeitos do acontecimento, alargando os limites da representação na busca por um