tudo passa
Colonial. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
Diabo e feitiçaria no Brasil Colônia
Késia Rodrigues de Oliveira*
O Brasil é inferno dos negros, purgatório dos brancos, e paraíso dos mulatos e mulatas.
Antonil
O nascimento do Brasil enquanto "signo do Demo e das projeções do imaginário do homem ocidental"
(p. 28), ora visto como paraíso terrestre ora como purgatório do Velho Mundo, além do mundo mágico luso-brasileiro, compõem a temática central de O diabo e a Terra de Santa Cruz: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil Colonial, da historiadora Laura de Mello e Souza, também autora de Inferno Atlântico: demonologia e colonização (séculos 16-18) e Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século 18.
Apresentado originalmente como tese de doutorado em História Social na Universidade de São Paulo, cujo título foi Sabás e calundus: feitiçaria, práticas mágicas e religiosidade popular no Brasil Colonial, publicado em 1986 e relançado em 2009, o ensaio é uma relevante contribuição aos estudos sobre religiosidade popular. Pioneiro nesses estudos, o trabalho de Souza é, também, uma importante leitura do registro, do real ao imaginário, da magia, das crendices, superstições, medicina alternativa e comportamentos suspeitos, aos olhos da Inquisição, que eram praticados na colônia portuguesa.
Dividido em três partes e uma conclusão, o livro, segundo a escritora, "trata da feitiçaria, das práticas mágicas e da religiosidade popular no Brasil colonial dos séculos 16, 17 e 18, abarcando as regiões da
Bahia, da Pernambuco, Paraíba, Grão-Pará, Maranhão, Minas Gerais e Rio de Janeiro" (p. 18). O trabalho é predominantemente fruto de suas pesquisas no arquivo das Devassas Eclesiásticas, nos documentos das Visitações e nos processos de réus brasileiros existentes no Arquivo Nacional da
Torre do Tombo.
A primeira parte "Riquezas e impiedades: a