travestis

Uma genealogia dos corpos que mudam
Este artigo é uma resenha de Leite Junior ,Nossos corpos também mudam - a invenção das categorias "travesti" e "transexual" no discurso científico.No entanto essa obra se difere dos trabalhos brasileiros sobre o que Benedetti (2005) chama de "universo trans", devido ao fato de não ser escrito sobre uma narrativa dos próprios travestis e de transexuais ,ou seja, não se fala sobre prostituição dos travestis , ou os que se militam no movimento trans ou que atuam no combate à aids; ou falam sobre suas modificações corporais ou sobre os inúmeros preconceitos e violências vivenciados cotidianamente por esses sujeitos .
A análise de Leite Junior, da invenção das categorias "travesti" e "transexual" no discurso científico apresenta uma perspectiva nova sobre o "universo trans. Tal perspectiva deve-se, principalmente, à utilização do método histórico-genealógico, conforme ensinado pelo filósofo Michel Foucault.
Jorge Leite realiza sua pesquisa , não só no discurso cientifico mas também literatura e na filosofia , estuda a maneira de como essas categorias foram criadas e transformadas ao longo do tempo ,da antiguidade à contemporaneidade . Afirma que "as matrizes conceituais que fecundaram o solo em cima do qual hoje nós plantamos e colhemos novas ideias" é fruto da produção e transformação discursiva sobre os corpos, com "origem" na Antiguidade, quando a figura do hermafrodita aparece indissociável da ideia do andrógino - junções do masculino e do feminino no mesmo corpo.
A figura do andrógino será uma constante que atravessará épocas e territórios dentro do que convencionou chamar de cultura do ocidente . Essa figura pseudo-hermafrodita , hermafrodita psíquico e travesti ,segundo Jorge Leite , é o pai –mãe das identidades transgêneras da segunda metade do século XX e inicio do XXI. Entretanto , o autor não está preocupado com as origens, ou com a evolução linear da historia , mas com o momento de emergência , de invenção de