Tratado de Versalhes
Em 1871, o Palácio de Versailles abria, constrangido, sua famosa Galeria dos Espelhos para as solenidades em comemoração à acachapante vitória germânica na Guerra Franco-Prussiana. Ali, em pleno coração da derrotada França, Otto von Bismarck finalizava a unificação do estado alemão e proclamava o Império Germânico, rascunhando o destino de uma nação cujo poderio militar parecia não conhecer limites – mas que a História, quatro décadas depois, trataria de estabelecer. Em 28 de junho de 1919, os alemães, agora solapados pelo fracasso na Grande Guerra, voltaram a Versailles cabisbaixos, para assumir toda a culpa pelas hostilidades militares e para mostrar sua disposição em reparar territorial e financeiramente todo o estrago causado em quatro anos de batalhas. Humilhados, também concordaram em ter sua brilhante máquina de guerra desmobilizada e seu exército tosado e marginalizado, limitado em número e amansado pelos inimigos. Assinado por vencedores e vencidos, o Tratado de Versalhes decreta oficialmente o final da guerra – mas não o término do vexame germânico.
Punitivo, o calhamaço tem 440 artigos e mais um florilégio de apêndices, anunciando de alguma forma a responsabilidade da Alemanha por todas as agruras sofridas no planeta nestes últimos anos. O documento também redefine as fronteiras da Europa, obrigando os germânicos a devolver territórios anexados e a ceder alguns rincões como compensação. A lista de exigências é longa; a seguir, alguns dos principais pontos do tratado, que versa apenas sobre a Alemanha – a negociação com as outras nações das Potências Centrais (Áustria, Bulgária, Hungria e Turquia) será feita separadamente e em datas ainda a serem definidas.
Admissão de culpa e responsabilidade única da Alemanha pela ocorrência da Grande Guerra
Proibição da união entre Alemanha e Áustria
Compromisso de reparações financeiras a definir (especialistas falam em uma quantia superior a 20 bilhões de dólares)
Concordância com