Transporte

Ao longo das campanhas eleitorais, não há candidato que não utilize o termo “transporte público”, seja para criticar, seja para prometer melhores condições, repetindo sempre a mesma ladainha: é sujo, superlotado, caro, ausente, desrespeitoso. Enfim, o óbvio.
Moro em Brazlândia (cidade satélite de Brasília que fica a 50 km da capital), de carro uns 30 minutos bastam pra chegar, mas de ônibus, dependendo da linha e itinerário que utilize, a viagem poderá durar 1 hora e 30 minutos.
Os ônibus que transportam os habitantes dessa simpática cidade Satélite são decrépitos (quando chove a água entra tanto pelo assoalho quanto pelo teto), são sujos (há baratas neles), andam sempre superlotados e quebram constantemente. Isso é um fato, basta desembolsar R$ 3,00 e verificar. Será que algum governante já viveu essa realidade? Bom, se viveu não pretende, nem de longe, passar novamente por tal tormento, afinal de contas quem quer?
Esse é o óbvio da questão: é claro que o transporte humilha e degrada física e psicologicamente todos os que precisam dele; é evidente que todos minimamente informados têm conhecimento de tal fato; e é óbvio que um governante que jamais pisará em tal meio de transporte nada fará para sua melhoria ou mudança, afinal de contas, o que ele tem a ver com isso? Ele tem motorista e ganha pelo menos uns vinte salários mínimos.
Tal problemática trata-se, plagiando Nelson Rodrigues, da vida como ela é. Só não vê quem não quer, e isso não ocorre somente na linha 400.3, que liga a Rodoviária do Plano Piloto à Brazlândia, tampouco ocorre apenas na capital. É uma realidade de todos os países pobres, ou dos não tão pobres que canalizam suas riquezas para os ricos, deixando a população miserável (nosso caso).
Por que não estatizar o sistema de transporte público? Uma solução simples para toda essa aviltante situação seria a retomada, por parte do estado, dos meios de transporte público: uma grande Sociedade de Transportes Coletivos Ltda. (a TCB, empresa pública