Translucido - Prefácio

PARTE 1 – REQUIEM
“This is violent, this is honest.
This is the anthem for a dying breed.”

.
PREFÁCIO.
ESTRADA PARA TÂNATO.

- Olá, Pedro.
- Olá, Doutora.
Pedro deu uma rápida volta pelo consultório com seus olhos.
Procurava algo novo, mas sabia que da última visita, no dia anterior, a hoje, não tinha como ter havido alguma mudança.
- Desculpa pedir pra te ver de última hora.
- Preciso confessar. Não fiquei impressionada.
- Não?
- Não.
Cada vez mais ele ficava absorto com o quão ela o conhecia.
- E por que isso?
- Você tava meio perturbado ontem. E teve aquele assunto inacabado? - O assunto inacabado.
- Inacabado não, mal começado.
- É, acho que vale chamar assim também.
- E então? Você veio acabar com ele?
- Sim.

Alguém bateu irregularmente na porta do consultório. A doutora pediu licença e foi atender. Abriu a metade da porta, mas foi o suficiente para Pedro conseguir ver a pessoa do outro lado. Era um dos humanoides, mas parecia, tão, real. Ele mordeu o lábio inferior. O humanoide carregava uma prancheta nas mãos e percebeu que o garoto o fitava. E assim fez, em retribuição, mas ainda falando com a doutora, que virou a cabeça para o garoto e em seguida encerrou a conversa. O humanoide assentiu com a cabeça, e deu meia volta.
- É novo?
Quis saber.
- Sim. Ele chegou ontem, depois que você saiu. Fez a entrevista e o currículo bateu. Contratei na hora.
- Secretário?
- Secretária. É ela.
Pedro ficou envergonhado ao perceber que havia encarado uma mulher.
Pensava nisso como falta de educação. Você olha para outro homem de cabeça erguida, como igual, mas nunca encara uma mulher, tu abaixa a cabeça e mostra respeito, dizia seu pai.
- O assunto inacabado.
Ele retomou.
- Vamos findá-lo?
- É eu acho.
- Pode começar.
Propôs a Doutora.
- A gente já começou.
O garoto explicou, mas a doutora o continuou encarando, sem entender sobre o que ele estava falando. Ficou impressionado que a Doutora não entendera o que quis