Transição do patrimonialismo para o estado gerencial

Na continuação de seu texto, Lustosa (2008) explica o período chamado de República Velha. Segundo ele, a riqueza nacional continuou concentrada na agricultura, mas seu centro dinâmico foi transferido para a cafeicultura. O polo dominante da política brasileira também foi mudado, passando das antigas elites cariocas e nordestinas para os grandes cafeicultores paulistas. Quanto ao novo regime, a Carta de 1891, inspirada na Constituição americana de 1787, instituiu o federalismo e inaugurou o regime presidencialista. No governo brasileiro, o poder era alternado entre representantes de São Paulo e Minas Gerais. Não houve grandes alterações na conformação do Estado nem na estrutura do governo. Esse período durou cerca de 40 anos, e aos poucos a forma de governo foi se tornando incompatível com a realidade brasileira. O exército passou a ser cada vez mais importante, depois da guerra contra o Paraguai (1864-70), perseguindo ideias modernizadoras. A eleição de Júlio Prestes, que era paulista, para suceder outro paulista, culminou no rompimento do pacto com os mineiros, abrindo espaço para a Revolução de 1930. A partir desse marco, o Brasil modernizou as estruturas e processos do aparelho de Estado. A Revolução de 1930 significou a passagem do Brasil agrário para o Brasil industrial. O lucro da cafeicultura permitiu financiar o primeiro ciclo de industrialização brasileira, concentrando-se em São Paulo. Com a crise de 1929, o Brasil foi obrigado a reduzir a exportação de café, sem poder manter a importação de produtos industrializados. O governo federal continuou comprando, formando estoques que não conseguia comercializar. Conforme os estoques envelheciam, o café era queimado para dar lugar a novas safras, mantendo o fluxo de renda e evitando o desemprego no campo. Isso estimulou uma séria de iniciativas de produção industrial para substituir bens importados, praticando-se uma política keynesiana. Do ponto de vista político, seria necessária a transformação do