Transitoriedade

485 palavras 2 páginas
As Árvores da Beira da Estrada As árvores da beira da estrada, elas são nossas testemunhas. Viram o início e o fim da nossa história, caladas. As velhas árvores de um verde bandeira tão profundo e tão escuro, de suas rudes agulhinhas e seu tronco macilento e marrom. Ah, aquelas velhas amigas! Têm os olhos cheios, inchados, pesados de lágrimas e memórias. De tudo presenciar e nada poder fazer. Cochilam na frieza de seus xilemas obstruídos. Mas á tardinha, quando o sol alaranjado das seis vem beijar-lhes, lembram-se de duas criaturinhas adolescentes que por ali passaram. Nós dois ali, tão jovens e frescos como uma fruta vermelha a ser colhida no pomar num dia frio, não sabíamos que tudo se dissiparia mais tarde. Tão violentamente como os carros que passavam na estrada, velozes, metálicos e perfurantes, veio sobre nós o medo e nos feriu. Mas naquela pequena faixa de mundo, em que num lado haviam as árvores perenes e no outro os carros velozes, por que escolhemos seguir os carros? Escolhemos ou fomos impelidos a escolher? Elas nos viram. Presenciaram minha angústia de ver que você não viria falar comigo naqueles intermináveis recreios. Viram também aquela feliz tarde em que ficamos juntos lá. Acho que vale pena nos demorarmos mais nessa lembrança. Era uma tarde calorenta, e nós, duas crianças, revolvemos conversar embaixo das árvores. Faltam palavras pra descrever a experiência. Talvez eu pudesse começar dizendo que estava feliz em estar lá a sós com você. Que eu me sentia pequenininha perto de você. Que eu amava demais os seus olhos castanho-escuros, que eu amava demais seu jeito e achava que a sua aura, se é que temos uma, era verde bandeira escuro assim como as árvores. Amava o fato de você ter passado seu braço ao meu redor, me dando uma segurança tão firme e As Árvores da Beira da Estradaconfortável. Como eu poderia ficar sem o seu carinho depois daquela tarde? Como eu poderia enfrentar o mundo, sem ter seu sorriso pra encontrar no fim do dia?

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