Trabalhos

ESTILO BARROCO
Mudanças de Paradigmas Interpretativos
Enquanto paradigma, o Barroco adquire uma grande complexidade, da qual não se pode desligar o movimento da Reforma Católica, normalmente designado por Contra Reforma. Assim, importa que entendamos a arte barroca como parte de um processo que implica uma compreensão abrangente do papado no Renascimento, da reação reformista iniciada por Lutero (1483-1546), do Concílio de Trento (1545-1563) nos seus conteúdos e em todas as suas implicações pós-conciliares, da conjuntura da Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e da «Paz de Vestfália» (1648). Interessa-nos particularmente o período que se estende até meados do século XVIII.
O Barroco, enquanto paradigma marcadamente católico, materializa-se nas diferentes expressões artísticas e, geograficamente, predomina nos países do sul e centro da Europa e, na sua expressão ibérica, na América Latina.
A arte barroca converte as igrejas em espaços cénicos, profundamente dramatizados; invade o domínio da literatura, cultiva a intensidade religiosa através da homilética moralizante, do exemplo e da autoridade, impondo uma sacra mentalidade da vida como reação ao processo de secularização. A arte barroca procura envolver emocionalmente o indivíduo e proporcionar-lhe uma experiência estética de natureza mística.
Não se trata de uma recuperação de elementos recolhidos dos paradigmas medievais, nem sequer representa uma reação hostil ao espírito do Renascimento. A relação entre o cristão e arte barroca produz um novo conceito de crente, com uma dramaticidade e inquietação que não é medieval e com uma carga emocional ou sentimental que não reconhecemos no homem renascentista.
No que diz respeito à arquitetura barroca, ao contrário do que se passa noutros períodos, torna-se muito difícil concretizar as referências de um paradigma que se exprime no domínio da libertação espacial, numa certa independência em relação aos tratados ou às convenções, que procura libertar-se da simetria e